O jovem meio-elfo parou e olhou o imenso salão os poucos
adeptos que permaneciam no mosteiro isolado na montanha, estavam ocupados
limpando o local como faziam todo os dias. Ele suspirou e entrou no local
pensando na importância daquele ato, manter limpo e ordenado o templo de seu
deus era um dos ensinamentos mais sagrados passado pela ordem dos clérigos de
Tripole.
Hoje era um dia especial para esse jovem clérigo, pois
finalmente a graça de seu deus sorriu para ele e lhe foi ordenado que deixa-se
o local onde sempre havia o marasmo que ele detestava, queria saber quem ele
era e o que poderia fazer pelos outros se aventurando no mundo. Desde que pode
se lembrar foi criado naquele mosteiro e sonhava com o dia de deixar o lugar,
não que detestasse estar ali, mas para um clérigo do deus das aventuras e
desbravamentos ele se sentia preso esperando o momento de deixar o local e
conhecer de vez o maravilhoso mundo que se abriria a sua frente.
Esse jovem chama-se Derek Zarrav, nome dado a ele pelos
monges mais velhos quando encontraram a criança abandonada na porta do
monastério, o jovem foi ensinado e educado pelos monges em diversas artes e na
religião de um deus menor cultuado próximo a essa montanha que carrega
informalmente o nome do deus, ou seja, Tripole o deus das aventuras.
Segundo essa religião todo clérigo do deus deve ao completar
a idade adulta se aventurar pelo mundo e buscar maravilhas ocultas aqueles que
temem se aventurar. Derek desde cedo queria se aventurar, mas por ser meio elfo
demorou muito mais para atingir idade adulta do que os humanos que viviam no
local.
Agora finalmente chegava sua vez e ele não escondia sua
empolgação, agora que tudo estava, mas havia uma serie de ritos que ele deveria
cumprir o que iria demandar a ele mais alguns dias preso na isolada montanha.
Passaram-se na verdade três dias desde que o Derek recebeu a
noticia que poderia criar sua própria historia até o dia em que finalmente foi
lhe permitido deixar o mosteiro, mas antes disso, o líder dos clérigos e monges
ali presentes lhes disse:
Derek Zarrav! – disse Aram Maym – Devo te contar uma
historia e lhe dá um conselho já que tu vai se aventurar nesse mundo sem nunca
ter saído desse mosteiro.
“Quando encontramos você a porta de nosso mosteiro sem saber
de onde vinhas e como alguém sequer conseguiu deixa-lo aqui nessa insólita
montanha, o mundo era perigoso e estava em guerra, muitos de nossos clérigos
foram aumentar as fileiras de vários exércitos, o tempo passou, mas o mundo não
melhorou, a guerra continua a assolar o reino, mas dessa vez não uma guerra
entre reinos, mas uma guerra espiritual, com criaturas do submundo emergindo
sabe-se lá de onde, com ordens tentando dar golpes de estado e muitas outras
coisas das quais nem sequer podemos imaginar. A necessidade de aventureiros
qualificados nesse mundo, e é por isso que a você clérigo de Tripole foi dada a
missão de aventurar-se, crescer e descobrir mais sobre os chamados Blackmonsters.”
“Mas meu jovem não seja tolo de acreditar que tudo nesse
mundo deve ser batido de frente, o medo assola o coração de muitas pessoas e
mais uma vez devemos mostrar a eles que o medo é um inimigo cruel que rouba
nossa felicidade e liberdade, não deixe que o medo invada seu coração, mas
ajuda aqueles que estão com medo através de atos de coragem a ver que existe um
futuro esperando por eles e que eles devem correr para alcança-lo mesmo que
para isso devem lutar com unhas e dentes”.
“Busque companheiros nessa sua jornada, mas não confie em
todos que conhecer, pois o mundo fora dessas muralhas é muito sombrio e mal,
mas lembre nos não lutamos nem pelo bem nem pelo mau, nosso deus é livre do
maniqueísmo e nos assim também devemos ser, nos lutamos pela liberdade de andar
e conhecer o mundo do jeito que queremos conhecer, através de aventuras”.
“Vamos agora decifrar o sonho que tu teve conte para nós o
que o grande Tripole lhe mostrou em sonho meu jovem”.
Derek se surpreendeu com o fato de Aram saber sobre seu
sonho, já que ele não havia contado a
ninguém que tinha tido aquele sonho estranho.
“Meu mestre – começou Derek timidamente – a três noites tive
um sonho muito real, que me mostrou uma grande cidade murada, sitiada por um
grande exercito, eu estava nessa cidade ao lado de um cavaleiro que usava um
símbolo singular, no seu manto estava incrustado bordado em fios de um dourado
muito atrativo a imagem de um cavaleiro montado tocando uma harpa. “
“Não sei o que aquilo significava, mas fiquei feliz em ver
aquele símbolo, e mais feliz ainda por o cavaleiro ser corajoso e honrado em
batalha, pois quando a batalha começou lutamos juntos com toda a força para
conter o ataque, não sei dizer se conseguimos contê-lo, pois o numero de
inimigos era muito maior que o numero de defensores, mas sei que o grande e
poderoso Tripole estava feliz com minha participação ali, pois todas as benções
que pedia a ele eram atendidas de forma imediata, quando a luta estava em seu
ápice eu acordei soado e chorando de tão emocionado.”
“Meu jovem Derek – disse Aram – os clérigos e guerreiros não
saem desse monastério as cegas, nosso deus dá a eles um augúrio do que o espera
se seguir em sua missão conforme o desígnio de nosso deus, já o simbolo que tu
viu no manto do cavaleiro é o que identifica uma sagrada ordem de elite de
Tripole, são chamados de cavaleiros desbravadores, e somente os aventureiros
mais destemidos, são chamados a somar em suas fileiras. “
“Vejo que seu destino está ligado ao dessa ordem, logo já
temos o primeiro passo que deves dá, os outros lhe serão revelados a medida que
caminhas, deves sair daqui e rumar para a cidade de Roses, a capital de nosso
reino é lá também que fica a sede desses cavaleiros.”
“Pode agora preparar-se para ir quando assim lhe convir, demos
a ti a educação necessária, para falar a língua mercanti e a élfica, com isso
poderás se comunicar corretamente com os habitantes desse reino, também lhe
ensinamos sobre como usar o dinheiro, mas não temos nenhum para ti dá logo
terás nessa parte que usar de sua criatividade para conseguir as peças de cobre
e prata que precisas, se um dia vires uma de ouro é porque és bem sucedido.
Também tem conhecimento de geografia e historia do local, mas não temos mapa,
só podemos lhe dizer que a cidade que procuras fica a oeste da entrada desse
mosteiro, sem mais para o momento, desejo-lhe sorte em sua aventura. “
Derek julgou ver um rápido sorriso no canto dos lábios de
Aram, mas depois não viu mas nada, como estava com presa, não pensou direito
enquanto se preparava para sair e pegou poucos mantimentos, pois o que mais
queria era conhecer o mundo e quem sabe conseguir alguma pista sobre seus pais
nessas terras tão grandes que se abririam perante seus olhos.
Quando passou pelo portão da entrada do mosteiro viu os
únicos oito monges que ali restavam e que provavelmente não veriam tão cedo
novos membros, despediu-se de todos, pois sabia que assim que saí-se por
aqueles portões de madeira, esses jamais voltariam a ser aberto para ele.
Ao passar pelos portões ficou extasiado com a visão
privilegiada que estava tendo, já que nunca havia passado para esse lado dos
portões ele se surpreendeu com o fato de está em uma parte plana na subida da
montanha a dezenas de metros acima do solo, ele sabia que o mosteiro ficava na
montanha, mas não no alto dela.
A montanha continuava acima do local do mosteiro e agora ele
podia vê o que era aquela eterna parede no norte do prédio, um sorriso lhe veio
aos lábios e ele ficou ali um tempo olhando para as rochas que subiam ainda
centenas de metros acima, depois voltou-se na direção contraria olhando para o
Sul e vendo lá em baixo lindas planícies ondulantes se estendendo por uma
imensidão de terra até sumir de vista.
Por isso – pensou em voz alta – somente os monges podiam vir
aqui fora buscar alimentos nas plantações, para um clérigo talvez fosse muita
distração vê essa linda paisagem, todos sabem que um verdadeiro clérigo de
Tripole ao vê essa imensidão de terra iria querer percorrer cada centímetro
dela.
Continuou ali olhando por uns cinco minutos, olhando de
longe aquela terra que lhe parecia tão tranquila e convidativa, os únicos sons
que se ouviam era os do vento e quando muito o de algum pássaro que passava
perto de onde estava.
Olhou mais uma vez para o mosteiro que sabia que jamais
veria novamente, e um sentimento de saudade passou rapidamente por sua mente,
mas logo foi dissipado, ele olhou mais uma vez para a planície e pensou em voz
baixa:
Bom o que estou esperando?
Depois começou a descer pensando sempre quais aventuras
iriam esperar por ele a frente, mal sabia ele que a própria decida seria uma
perigosa aventura...
Continua.
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